Emoções na Bolsa

Já sentiu aquele frio na barriga antes de clicar em 'comprar'? Ou aquela euforia quando o gráfico sobe? Se você investe, com certeza já experimentou uma montanha-russa de emoções. Mas sabia que elas podem ser suas maiores aliadas ou suas piores inimigas no mercado financeiro?

Nosso corpo está vulnerável a todos os tipos de emoções. Você já percebeu que tem dias que estamos mais felizes? Outros mais cansados? Alguns mais dispostos? Pois bem, essas emoções são causadas por diversos fatores e elas influenciam diretamente a nossa performance em nossas atividades diárias, em nossa profissão, entre outros.

É muito comum ouvir a seguinte frase: “Sou um leão no loss e um gatinho no gain”, ou seja, tenho uma coragem surreal em me manter em uma operação perdedora e hesito rapidamente em uma operação ganhadora. Outra frase comum é “O mercado foi lá só me tirar da operação e depois foi direto ao alvo” e nesse momento surge uma sensação de raiva, de revolta.

A bolsa de valores é um ringue onde a razão luta contra a emoção. E, muitas vezes, a emoção leva a melhor. Já ouviu falar em 'aversão à perda'? É aquele medo de perder dinheiro que te paralisa na hora de vender um ativo que está caindo. Ou a 'ganância', que te faz acreditar que o preço só vai subir e te leva a investir além do que deveria.

A neurociência explica por que somos tão emocionais na hora de investir. Nosso cérebro é programado para evitar perdas e buscar recompensas. Isso é ótimo para a nossa sobrevivência, mas pode atrapalhar um pouco na hora de tomar decisões financeiras.

O Mercado Financeiro é um excelente lugar para que possamos conhecer nossas emoções. Confesso que quando iniciei no mercado eu me surpreendi com diversas características que eu não imaginava que eu tinha. Por exemplo, eu percebi que eu era mais ansioso do que eu pensava ser. Percebi ainda que tinha mais medo de encarar diversas situações do que coragem para enfrentar os desafios de frente.

Independente do ser humano, nós experimentamos uma gama completa de emoções. No mercado financeiro, precisamos lidar com grande volume de dinheiro e diversas incertezas do mercado. Vejamos algumas:

• Ancoragem: Temos a tendência de se apegar a informações antigas, mesmo que elas sejam irrelevantes para a situação atual e isso pode distorcer a tomada de decisão.
• Ansiedade: A volatilidade do mercado e a pressão por resultados podem gerar altos níveis de ansiedade.
• Aversão à Perda: A dor de perder dinheiro é geralmente maior do que o prazer de ganhar, o que pode nos levar a decisões conservadoras e em muitas vezes deixamos de aproveitar oportunidades lucrativas.
• Medo: O medo da perda financeira é uma das emoções mais prevalentes. Ele pode levar a decisões precipitadas e em certos momentos nos “deixar cegos”. Já pensou em não ter o dinheiro para pagar uma conta porque perdeu no mercado?
• Excesso de Otimismo e de Pessimismo: As perspectivas sobre o mercado oscilam entre o otimismo exagerado e o pessimismo extremo. Essas oscilações emocionais podem influenciar nas nossas decisões.
• Ganância: A busca por lucros rápidos e elevados pode nos deixar “cegos”, fazendo com que venhamos a assumir riscos desnecessários.
• Arrependimento: Sentimentos de arrependimento podem surgir após tomar decisões que não se mostraram vantajosas.
• Efeito Manada: A tendência de seguir a multidão, mesmo que isso não seja a decisão mais racional, é influenciada por emoções como o medo e a necessidade de pertencimento.

Por que as nossas Emoções importam?

• Decisões Irracionais: As emoções podem nublar o julgamento e levar a decisões que não estão alinhadas com os nossos objetivos.
• Bem-estar: O estresse emocional causado pela volatilidade do mercado pode afetar a nossa saúde física e mental. Um bom resultado pode nos deixar extremamente felizes, enquanto um resultado negativo pode abalar nossas emoções.

Mas não se desespere! É possível aprender a lidar com as emoções e tomar decisões mais racionais. A chave está no autoconhecimento. Entenda como você reage em diferentes situações e desenvolva estratégias para controlar seus impulsos.

• Autoconhecimento: Podemos identificar as próprias emoções para compreender como elas influenciam as nossas decisões. Esse é o primeiro passo para controlá-las. Saber o que você quer alcançar com seus investimentos te ajuda a manter o foco e evitar decisões impulsivas.

Para enriquecer seus conhecimentos, é interessante saber sobre:

• Educação Financeira: Conhecimento sobre o mercado e os investimentos pode nos ajudar a tomar decisões mais racionais. É muito mais difícil lidar com o desconhecido.
• Planejamento: Estabeleça objetivos claros e crie um plano para manter o foco e evitar decisões impulsivas. Um plano de investimento te dá uma direção e te ajuda a resistir à tentação de mudar de ideia a cada notícia.
• Diversificação: Espalhe os investimentos em diferentes ativos para tentar reduzir o risco e a volatilidade da carteira. Não coloque todos os ovos em uma mesma cesta, pois se a cesta cair todos os ovos provavelmente quebrarão.

Precisa de ajuda? Busque por Profissionais! Os psicólogos profissionais podem te ajudar a entender suas emoções e a desenvolver estratégias para lidar com elas. Já os profissionais do setor financeiro podem oferecer uma perspectiva mais objetiva e ajudar a tomar decisões mais adequadas no mercado. Ambos são importantíssimos!

Enfim, todos nós lidamos com nossas emoções. Isso faz parte do nosso corpo (ainda bem, não é mesmo?). Ao entender como as emoções influenciam as nossas decisões e ao desenvolver estratégias para gerenciá-las, podemos tomar decisões mais racionais e assim alcançar nossos objetivos de curto e longo prazo.

Investir é um jogo de longo prazo. E, assim como em qualquer jogo, a emoção faz parte. Mas com as ferramentas certas e um pouco de disciplina, você pode transformar suas emoções em aliadas e alcançar seus objetivos financeiros.